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22 de mar. de 2012

Pensamento












Sou a incógnita no olhar,
Carrego a velocidade da vida
Tenho todos os sentimentos colecionados e guardados na mala da minha existência.

Sou a tradução exata das incertezas que nenhum dicionário explica,
E a força da lagrima que queima a pele correndo nas curvas do tempo.
Em mim tudo se nega e se busca,

Sou o medo,
O caso do acaso,
E o desejo do corpo pelo corpo ao lado.

Sou o sorriso no lábio após o beijo roubado,
A besteira feita,
O riso e a gargalhada.

Sou a mentira que acaricia e a verdade que machuca.
Sou o pensamento que te cerca.


Luciana Santos
16/01/2011

15 de fev. de 2012

80 ANOS do Voto FEMININO: Um momento mais para refletir



80 ANOS do Voto FEMININO
Um momento mais para refletir

Não podemos negar os avanços e conquistas.
Mas temos "ainda" muito pelo que lutar, são poucos os direitos e autonomia da mulher.

E para avançar é preciso reconhecer que vivemos em uma sociedade culturalmente machista, patriarcal e com uma educação sexista. onde os papeis ainda são predefinidos.
Meninas ganham bonecas, panelas e vassouras.
Meninos, carrinhos e ferramentas.
Meninos vestem azul e meninas rosa.
Brinquedos, apenas brinquedos, cores, apenas cores, mas com uma carga cultural intensa, onde define e ensina qual o papel social que cada um deve ocupar.
imposições com uma sutileza, que de forma implícita acabam por moldar o individuo.

É preciso refletir quanto ao papel e espaço que a mulher ocupa hoje.
sempre escutamos na mídia o quanto temos ocupado os espaços e cargos nas empresas, e na política.
Hoje temos uma presidenta, e diversos cargos de destaques ocupados por mulheres na política.
Um fato. Porém não falam que ainda somos minoria no parlamento e temos os salários mais baixos do mercado.
Sem falar do absurdo da violência contra a mulher, que cresce a cada dia.

Obtivemos grandes avançamos sim, porém, para se conquistar uma sociedade verdadeiramente democrática é preciso avançar muito mais.
É preciso que os movimentos que se dizem democráticos se mobilizem no sentido de engrossar a luta pelos direitos femininos. compreendendo que esta luta não é apensa das mulheres e sim de toda sociedade.

É necessário que os Partidos Políticos construam propostas para a inclusão da mulher no cenário político.
tivemos um grande avanço sim, que é a:
Cota de 5% dos recursos partidários que devem ser destinados a formação politica das mulheres.
Também temos a cota de 10% do horário partidário, para que tenham garantido seu direito de participação.

Mas sabemos que não bastam as cotas se não existirem ações concretas de inclusão da mulher no cenário politico.
Não somos vasos de planta para enfeitar mesas de debates e o parlamento.
queremos ocupar o espaço por competência.
O que nos faltam são oportunidades e investimento para que possamos competir por igual.
Somos a maioria do eleitorado, porém a minoria no parlamento, oque significa que as decisões quanto aos direitos e lutas femininas ão tomadas pela maioria masculina.
As bancadas não nos representam de fato, o que torna nossa luta lenta e desigual.

Precisamos aprofundar a discussão, tratar o tema com a seriedade que merece.

Não queremos APENAS flores no dia 8 de março
Queremos nossos direitos e espaço político garantidos.

Luciana Santos
15-02-2012





26 de jan. de 2012

Sedução


Meus braços se esticam tocando as paredes com as pontas dos dedos, sentindo na tinta fria o calor da noite, enquanto minhas mãos aflitas passivam buscando o suor e as marcas deixadas pelos nossos corpos.
Como se eu pudesse sentir minhas costas nuas prensadas pelo teu peito, enquanto tuas coxas abriam caminho entre as minhas.

Na minha boca arde o gosto do desejo ainda latente, enquanto a lembrança das tuas mãos em minha cintura me arranca o ar.
Meu corpo explodindo se contorce, e posso sentir minhas pernas embaraçando nas tuas, confundindo meus dedos com os teus.

Descalça, sinto em meus pés as manchas purpuras, ainda viva, do tinto que brindamos.
Olho as taças caídas que aguardam silenciosas nova dose.
Como uma promessa muda, como a vela derretida sobre a mesa.

No teto vejo o sorriso que não pude conter, e me cora o rosto, ao lembrar meu corpo colado como tatuagem no teu.
Lembrança que reascende a cada instante o desejo que ferve e grita.
Olho seu corpo nú, seus olhos, um convite, um sorriso,
E as mãos que se estendem em minha direção
Sem palavras, minha boca se enche de seu beijo e nossos corpos se tornam um no duelo insaciável. 





Luciana Santos
Novembro de 2012

26 de dez. de 2011

Parque de sonhos


Alguém disse que a lua nasce por de trás da serra avisando que a noite chegou e que as luzes das casas se apagam dizendo que o dia acabou.

Aqui a noite chega quando as portas das lojas abaixam e os cobertores agasalham as calçadas. Nele crianças adultas, Adulteradas transam em busca de proteção ou medo.

Eufóricas pela chegada da noite, embaladas pela cola e o crack brincam de ser criança, correm descalças no imenso quintal que descansa dos carros.

Na noite são Reis, Princesas e Rainhas ou simplesmente crianças. Protegidas pela escuridão arreganham os dentes e dançam, correm de braços abertos como se quisessem agarrar no ar seu direito de sonhar.

E giram, como se o mundo fosse um grande parque, rodopiam até que seu corpo exausto caia procurando no outro acalanto para o frio, dividindo com tantos um único pedaço de pano sobre o chão.

Dormem agarrando uns aos outros, colados na tentativa de transformar-se em um único corpo.

Dormem até que a luz do dia venha acompanhada das botinas e esguichos d’agua, avisando que a realidade chegou.

Outubro/2011
Luciana Santos

Novela Kassab - nem Maquiavel entende



(Diante da situação que não se altera, desta novela que permanece atual, resolvi não escrever outro texto, mas apenas reeditar este. Alterando não seu conteúdo, mas o tempo em que se passa. Escrevi este texto no final do carnal do ano passado. Hoje estamos as vésperas de um outro, e infelizmente sem mudanças significativas)
13/02/2012
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A novela Kassab continua, no entanto cada capítulo traz não apenas expectativas quanto o seu desenrolar, mas também perplexidade em relação ao elenco deste drama, um quadro de atores que cresce a cada dia.
A cada cena, diferentes possibilidades ao destino de seu protagonista. No entanto, o desfecho é sempre o mesmo. É o povo levando... na sua ...
Atualmente estamos entrando em mais um período de carnaval, nada poderia ser mais propicio para representar esta situação que um momento de fantasia, de troca de identidades, de brincar de personagens.
O mesmo ocorre no cenário político da Cidade de São Paulo, os palhaços e foliões que me perdoem. Mas é uma grande palhaçada.
Não importa em  qual partido o Sr.º Kassab esteja, seja novo ou velho, seja de direita ou de esquerda, ainda será o mesmo discípulo de Maluf, de Serra e Alckmin, ainda terá sucateado os equipamentos públicos, fechado serviços essenciais a população carente, cortado verbas e aumentado de forma absurda  a passagem de ônibus.
E agora, neste novo capítulo, temos a higienização da Cracolândia e desalojamento de centenas de famílias, em nome da Especulação Imobiliária.
Ainda teremos uma São Paulo afogada nas enchentes, e crianças perambulando nas ruas, enquanto projetos e serviços têm seus convênios encerrados com a Prefeitura, como os CEDECAs – centro de defesa da Criança e Adolescente.
Impossível esquecer qual tipo de politica se destina esta gestão, que  permeia toda ação deste prefeito. Cidade Limpa?  Limpa de que? De quaisquer pobres?
Mas de tudo, o que mais me assusta, são as alianças que despontam no cenário político, pessoas e partidos que parecem viver uma crise de identidade, ou seria dupla identidade? Ainda tento acreditar na primeira alternativa, a da crise.
Será que se esqueceram do tempo em que mobilizam e saiam às ruas denunciando os abusos e o descaso desta gestão para com a população paulistana?
Hoje discutem entre seus quadros a possibilidade de unir-se aquele que foi "alvo" de seus ataques, e que continua desenvolvendo uma politica de descaso e negligência.


Estratégias necessárias, é o que ouço como justificativas para esta aliança.
Mas não há estratégia que justifique tal posição. É demais até para Maquiavel, é pensar nos “meios” esquecendo-se de quais são os “fins”, é fazer política pela política.
Luciana Santos

Inclusão a qualquer custo: custa caro



Falar de Inclusão não é uma tarefa fácil, entramos em diversos pontos que geram polêmicas, principalmente quando está relacionada à educação. Mas entre todas as divergências suscitadas temos um ponto de convergência, a criança, que é a mais penalizada.

Vivenciei o cotidiano da inclusão escolar por dois anos, em uma escola pública na Cidade de São Paulo, EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental, atuando pelo CEFAI[1], como estagiaria de pedagogia enquanto desenvolvia uma pesquisa pelo CNPq[2], cujo objetivo era refletir e analisar as relação da escola dentro do SGDCA[3].
Durante este período constatei que somos cobaias de um grande experimento, que é a inclusão nas escolas regulares. Esclareço que não sou contra a inclusão. Sou contra o que tem ocorrido nas escolas, sou contra transformar educandos em números que desfilam em relatórios e sensos.
Estarei abordando aqui a Inclusão “clínica”, lembrando que há diferentes tipos de inclusão, como os educandos que se encontram em vulnerabilidade social. Mas no que se refere as Políticas Públicas,  apenas os casos clínicos têm sido considerados inclusão. Lembramos que cada educando tem necessidades específicas e aprendem de forma diferente, precisando de orientação e apoio, o que não ocorre, este é um problema que vai além dos portões da escola.
Não quero aqui defender a escola, mas é preciso refletir de como a inclusão vem sendo realizadas, como foi imposta aos espaços escolares, e quais condições  são oferecidas à equipe escolar, e quais seriam necessárias para se desenvolver um trabalho de qualidade.
Cobram dos professores que busquem formação adequada para que estejam aptos a trabalhar com as diferentes necessidades que surgirem na sala de aula. Claro que é necessário, mas não suficiente, além da formação do educador é preciso outras ações integradas que garantam não apenas o acesso à escola, mas permanência e condições para o desenvolvimento destas crianças.
Ter estes educandos matriculados na escola regular foi uma conquista, têm todo direito de estar ali, e devem ser preparadas para que possam participar do cotidiano escolar e ser inseridos de fato na sociedade, sua matrícula na escola regular é um direito e um ganho para todos nós. Mas não da forma como vem ocorrendo.
O que vejo é o descumprimento das leis, como do artigo 3º do ECA[4], que lhes assegura “(...) todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.” Simplesmente jogam a criança no espaço escolar sem garantir a ela todos os serviços  e atendimentos necessários ao seu desenvolvimento pleno.
A escola faz parte do conjunto de direitos da crianças, mas necessitam de muito mais. No processo de aprendizagem o professor é uma peça chave, tem a função de observar e pesquisar sobre as diferentes formas para auxiliar o educando em seu processo de aquisição de conhecimento, deve descobrir diferentes formas para estimular sua curiosidades e interesse, compreendendo suas necessidades específicas, adaptando o conteúdo a estes meninos (as).  Mas sabemos que as necessidades dos educandos de inclusão superam a especialidade pedagógica, pois cada caso requer um conhecimento específico aprofundado.
Devemos lembrar que a cada ano passam pelo professor diferentes casos de inclusão. Impossível para qualquer ser humano adquirir neste curto período o conhecimento aprofundado e necessário para se trabalhar plenamente com o educando de forma eficaz.
O que fazer diante desta realidade, recuar? Retirar estas crianças das escolas regulares?
Claro que não. No geral, a criança de inclusão clínica pode e deve conviver com outras crianças e participar das atividades escolares. Mas sem negar suas  necessidades específicas, precisam de  atendimento e acompanhamento externo e que este acompanhamento ocorra em um constante dialogo com o professor, orientando e auxiliando em seu trabalho pedagógico.
E este atendimento específico esta assegurado por lei, no artigo 11º do ECA.
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005)
§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento especializado
Também é fundamental termos consciência que a escola regular nem sempre será adequada ao educando, principalmente nos anos iniciais, onde a criança requer atenção e cuidados maiores. Pode precisar , sem, de um espaço especializado que substitua o ensino regular e/ou o complemente.
E o artigo 54 do ECA, prevê esta possibilidade.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
É importante compreendermos que ninguém é igual a ninguém, cada um de nós tem necessidades diferenciadas. E este discurso que afirma que devemos tratar as crianças de inclusão igual às crianças “normais”, é uma forma de negar seus direitos e oportunidades, é fortalecer sua exclusão.
Tratar igual é respeitar as diferenças sem negligenciar suas necessidades.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.



[1] Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão 
[2] Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
[3] Sistema de Garantia dos Diretos da Criança e Adolescente
[4] Estatuto da Criança e do adolescente

Luciana Cavalcanti